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sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sambaquis



Introdução:
Essa pesquisa bibliográfica cuja intenção é descrever, analisar e conhecer um pouco mais das características dos povos caçadores, coletores e pescadores no período pré-históricos brasileiro, datados há + ou – 6500 anos, que dominaram o litoral brasileiro e de alguns rios da região; trabalharam a pedra, produzindo esculturas e ferramenta de manuseio.
Trataremos a respeito das seguintes questões: o que são sambaquis, característica dos sítios arqueológicos, localização desses sítios, datação e as características das formações sambaqueiras no litoral brasileiro e suas hipóteses.

Pesquisa Bibliográfica:
Sambaquis são sítios arqueológicos ligados ao tipo de alimentação das populações que os construíram, são pequenas ou grandes elevações de areias constituídas de conchas de moluscos, crustáceos, ossos de peixes, aves e mamíferos; local aberto onde eram depositados os restos mortais e instrumentos, vestígios de moradia, fogueiras; A palavra tem origem guarani: Tambá - conchas e Qui - monte. Os Sambaquis são montes cônicos de conchas, resultantes da ocupação humana pré-histórica, já suscitaram inúmeras interpretações de arqueólogos no mundo inteiro, eles estão presentes em vários pontos do litoral brasileiro, incluindo o baixo Amazonas e Xingu, com idades entre 500 e 6.550 anos. Interpretados como um amontoado de conchas, lixo, ambiente de moradia ou cemitério, esses verdadeiros monumentos foram mutilados para abastecer a construção civil, desvalorizados na academia e, poucos, ainda hoje, resistem embalados pelo tempo e pelos homens.

Geralmente, estão localizados em área próximas ao mar , rios e florestas, áreas estas que poderiam oferecer abundância, variedade e disposição de recursos para as populações, que organizavam diferentes sambaquis distribuídos em uma mesma área.
Os primeiros estudos, iniciados na segunda metade do século XIX, enfocavam as características físicas dos sambaquis e trouxeram à tona discussões sobre a Antigüidade da humanidade e a pré-história brasileira. O conceito de 'raça', hoje rejeitado pela academia, resultou em descrições exaustivas da anatomia do chamado "Homem de Sambaqui".

Cada sitio possui datação diferenciada, Com o aparecimento das técnicas estratigrafia e termoluminesncência e da datações radiocarbônicas , introduzidas a partir de 1950, a arqueologia brasileira começa a ser modernizada e as inúmeras camadas dos sambaquis passam a ter sua idade revelada de forma mais precisa, indicando que muitos foram habitados durante períodos que ultrapassam mil anos. Fica claro tratar-se de povos sedentários que tinham íntima relação com a região ao seu redor e não nômades que deixavam as locais todas vez que os recursos naturais tornavam-se escassos, como se acreditava.
Houve um grande movimento na tentativa de protege os sítios dos sambaquis, que passaram a ser patrimônio da União através da lei Federal 3.925; através de estudos em 1990, os sambaqueiros passaram a serem visto com status de uma sociedade complexa, com relações econômicas e hierárquicas próprias.
Encontramos esses sítios em todo o litoral do Atlântico, sendo mais raros no Pacífico, mas notando-se exemplares até no norte da Europa; no estado do rio de janeiro podemos citar o de guaratiba (3 mil anos), Itaipu ( 7mil / 8mil anos), cabo frio(5 mil anos), tamoios(3 mil anos), saquarema(4 mil anos) e ilha grande (3 mil anos).
Os sítios mais visíveis na paisagem litorânea são os conhecidos sambaquis, mas existem outras formas de ocupação, como cerritos da tradição Vieira no rio grande do sul e Uruguai e os sítios mais discretos na tradição Itaipu no litoral também do rio grande do sul; instavam-se geralmente em baias como a da Guanabara no rj, mar aberto, enseadas, mangues e até mesmo em rios.
Os sambaquis são caracterizados por sua forma arredondada, que em algumas regiões chega a mais de 30 metros de altura, construídos basicamente com resto faunísticos como conchas, ossos de animais, especialistas definiram três teorias para o uso dos sambaquis:
Os sambaquis não eram o local de moradia desse grupo; eram simplesmente os “lixões” onde eram depositadas as sobras da alimentação, as carcaças dos crustáceos e as ossadas de peixes e pequenos mamíferos que serviam de alimento; por motivos desconhecidos, passaram a abrigar sepulturas humanas, sendo que a intempérie dissolveu as camadas superiores do sambaqui, fazendo uma petrificação por cálcio dos esqueletos imersos no núcleo do sambaqui, conservando-os, e a seus adornos funerários, pelos milênios.
Diferente na primeira no ponto sobre o uso como moradia. Os sambaquis seriam sim depósitos dos diversos materiais citados, mas seriam usados como habitação temporária. Isso explicaria as sepulturas humanas encontradas.
Os sambaquis teriam somente aproveitamento humano para acampamentos temporários.
Assim também existem varias hipóteses para o aparecimento dos sambaquis

· A primeira hipótese a naturalista, considerava que os sambaquis eram resultados do recuo do mar e da ação do vento, exercida sobre as conchas lançadas á praia, sobre a presença de vestígios humanos era explicada como resultado de naufrágios.
· A segunda corrente, os artificialistas, sustenta que eram resultados da ação humana e propunham diversas explicações sobre o acumulo de resto fauníticos.
· A terceira corrente é mista, acredita numa combinação de elementos naturais e humanos.


Os habitantes dessas comunidades exploravam as águas doces, salobras ou salgadas e pegavam animais marinhos de porte grande, inclusive tubarões. Os arqueólogos suspeitam também que pescavam em águas profundas e que eram exímios mergulhadores e nadadores. Há vestígios de presença humana tanto em ilhas próximas como um pouco mais distantes do litoral, o que indica que eram bons também na arte de navegar. Seus ossos evidenciam que eram troncudos, acostumados a remar e a praticar outras atividades físicas que desenvolviam os membros superiores. Como a temperatura era amena e eles estavam quase o tempo todo dentro da água, é de se supor que usassem pouca roupa ou que andassem nus. Os sambaqueiros eram baixinhos para os padrões atuais - quem tinha 1,60m era considerado alto - e vivia relativamente pouco, em média entre 30 e 35 anos. As mulheres costumavam morrer mais cedo do que os homens.
Outra característica importante é o desgaste de algumas regiões da arcada dentária, que aponta o costume deste povo consumir alimentos duros e abrasivos, o que devia provocar muitos abscessos e dor de dente. Também é possível pensar em doenças que deixam evidências nos ossos, como a osteoporose. Os especialistas também acreditam que muitas mulheres morriam de parto.Os pesquisadores inicialmente pensavam que os bandos eram pequenos. Mas hoje se desconfia que havia mais gente junta, entre 30 a 60 pessoas por sítio arqueológico. Se pensarmos em vários sítios próximos uns dos outros, teríamos comunidades de 200, 400 pessoas se relacionando, comunicando-se e circulando entre vários pontos do litoral.
De um sambaqui se avistava o outro e se trocavam sinais. Fumaça ou fogo em um sítio, por exemplo, poderia significar o enterro de algum chefe ilustre ou de que um grande banquete de mariscos e peixes estava sendo preparado. Segundo Maria Dulce Gaspar, o fato de haver sambaquis localizados próximos uns dos outros permite levantar duas hipóteses antagônicas. Ou seus habitantes competiam pelos mesmos recursos ou uniam-se para catar mariscos, pescar e caçar.

Os povos dos sambaquis ignoravam a olaria, a agricultura, a domesticação normal de qualquer espécie, mesmo o cão, que os índios atuais conhecem. Vivia principalmente da pesca e da apanha, e muito pouco da caça. Não possuindo instrumentos mais potentes de arremesso, talvez nem mesmo o arco e a flecha, a caça de animais grandes, como o tapir, a onça, certamente por meio de armadilha.

A interação entre os grupos poderia ser esporádica ou rotineira. A ausência de artefatos de guerra indica que não eram belicosos. Isso não quer dizer que na comunidade não houvesse diferenças hierárquicas. Muito embora os sambaquis existentes ao longo da costa brasileira sejam regidos pelas mesmas regras de ocupação e arquitetura, há diferenças no tamanho e na composição de sambaquis de uma mesma área, o que pode significar o prestígio de alguns grupos, além de indicar um número maior de habitantes nos sambaquis grandes. Madu Gaspar informa, por exemplo, que, em alguns sambaquis, estima-se a presença de uma média de 180 indivíduos vivendo simultaneamente. Há também a presença de adornos, amuletos, esculturas e objetos em algumas das sepulturas, mostrando que os indivíduos recebiam tratamento diferenciado.
É provável que os sambaqueiros estivessem dispostos a estabelecer interações sociais com grupos culturais distintos que co-habitavam a região, pouco antes do Brasil ser descoberto pelos portugueses, o que pode ter sido o motivo de seu desaparecimento; Os arqueólogos registraram vestígios de grupos ceramistas - a presença de cacos nas camadas mais recentes dos sambaquis - Eles mantinham relações de troca com povos ceramistas que viviam no interior e que, por possuírem tecnologia mais avançada, estavam sempre buscando expandir seu território. Terminaram por desestruturar os sistemas sociais dos sambaqueiros, que foram absorvidos pelos ceramistas através de casamentos ou escravização ou sendo eliminados em conflitos.
Os povos ceramistas inseridos na tradição tupi-guarani e una (que se instalaram onde hoje é o estado do Espírito Santo e Rio de Janeiro), Itararé (no Paraná e Santa Catarina) e taquara (em Santa Catarina e Rio Grande do Sul) foram tomando posse do litoral e foram eles que aqui estavam quando os portugueses chegaram, há cerca de 500 anos.A importância histórica dos sambaquis é tanta, que eles chegaram a influenciar a escolha dos materiais usados em várias construções. No Brasil colonial, os montes de areia e conchas deixados pelos antigos habitantes serviram para a retirada da cal usada na construção de igrejas, casarões, aquedutos. O cronista Fernão Cardim relatou que, no século XVI, a cidade de Salvador teria sido erguida com a cal tirada dos sambaquis do Recôncavo Baiano. Ao longo dos últimos séculos, a destruição sistemática dos sambaquis continuou, causada pela expansão imobiliária no litoral. E, assim, os fios de lembranças que poderiam nos ligar mais fortemente aos nossos antepassados foram se perdendo.Em Saquarema (RJ), a arqueóloga Lina Kneipp encontrou dezenas de esqueletos, alguns com 4.500 anos. Ela criou a Praça do Sambaqui da Beirada, entre a lagoa e o mar, transformando o sítio arqueológico num local de visitação que atrai hoje muitos estudantes e turista. O exemplo de Lina, que faleceu em 2002, mostra que a ponte em direção ao passado ainda pode ser refeita e que ela poderá nos ensinar muito, sobretudo em relação ao uso dos férteis recursos de nossa natureza tropical.

Conclusão:
Pesquisas ainda são incipientes para saciar a sede de inúmeras perguntas que faltam ser respondida e para que possamos melhor compreender as relações, organizações e mudanças sociais dos sambaqueiros, Os sambaquis constituem o alicerce básico para entendermos a cultura de um longínquo período do homem, por isso é tão importante a sua preservação.


BIBLIOGRAFIA:
GASPAR, Madu, sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro RJ: Jorge Zahar Ed, 2004.

PROUS, André: O Brasil antes dos brasileiros: Jorge Zarar Ed.

Mendes, Josué Camargo: conheça a pré-história brasileiras sp, universidade de são Paulo ed: polígono, 1970.

PROUS, André: arqueologia, pré-história e história Ed UNB, 1991

TENÓRIOS, M Cristina (org): pré-história da terra brasilis. Rio de janeiro: ed. Ufrj, 1999.


quarta-feira, 16 de abril de 2008

Alguns “ismos” das Ciências Sociais



“A humanidade caminhou, ao longo dos séculos, buscando compreender sua origem e destino. Desde o epicurismo, o ceticismo, o estoicismo, sempre vivemos em meio aos “ismos”, mas não conquistamos quase nada além do epicurismo e do estoicismo, mesmo com o cristianismo, o marxismo e outros "ismos" que ceifaram milhares de vidas inocentes.”.
(J. F. Megale)

Comunismo, epicurismo, estoicismo, cristianismo, historicismo, capitalismo, socialismo, imperialismo, funcionalismo, marxismo, cientificismo etc. são alguns dos inúmeros "ismos" das ciências sociais. O que vem a ser um "ismo"? Há várias acepções, conforme a área ou ramo de conhecimento. Assim, dogmatismo, ceticismo, subjetivismo, relativismo, pragmatismo e criticismo referem-se a posições assumidas ou idéias aceitas sobre a possibilidade do conhecimento. O dogmatismo defende que não existe o problema do conhecimento enquanto relação entre sujeito e objeto. As coisas existem pura e simplesmente, o jeito é acreditar. O ceticismo e o extremo do dogmatismo e afirma que o sujeito não pode apreender o objeto, daí o conhecimento ser impossível. Já o subjetivismo e o relativismo limitam a validade do conhecimento ao sujeito. Toda verdade é relativa, não há verdade absoluta. Para o pragmatismo, o conhecimento ou a verdade significam utilidade, valor, prática. Numa posição diferente, o criticismo admite o conhecimento, mas sob reserva. Não é dogmático nem cético, mas reflexivo e crítico. Para cada um destes “ismos” houve ilustres filósofos com suas obras clássicas. Além destes “ismos” há outros, referentes ainda ao conhecimento, sobre sua origem e sobre sua essência.
Na ciência política, por exemplo, há alguns "ismos" bem gerais e outros mais particulares ou específicos, como por exemplo, colonialismo, imperialismo, comunismo e bonapartismo, chauvinismo, bolchevismo. Afinal, o que vem á ser um "ismo"?
O "ismo" é uma posição filosófica ou científica que sustenta algo sobre uma idéia, um fato, um sistema, uma política, um programa, uma circunstância etc. É uma idéia central a nortear o adepto perante o mundo ou em face de determinadas coisas. É um método ou conjunto de valores, é um principio ou conjunto de princípios explicativos sobre alguma coisa ou algum fato. É uma filosofia ou um modo de ver o mundo ou determinado problema. Há tantas definições de "ismos'" quase quantos "ismos" há. Cada um tem seu contexto histórico em que surge e se desenvolve Ocorre, muitas vezes, que, após passar a ser moda ou um sistema de idéias dominante, o "ismo" cai no ostracismo. Mais tarde, pode ressurgir, como o liberalismo, que após quase cem anos, volta ao cenário das idéias da política econômica de vários países, chegando até nós, com a inauguração no Rio de Janeiro do Instituto Liberal, em 1983, com outros similares em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e outras capitais. Há ainda os "ismos'" apenas históricos, que tiveram seu tempo e hoje estão ultrapassados, continuando vivos apenas para compor o contexto histórico-social de um passado próximo ou remoto, do qual somos herdeiros como civilização e como cultura.
A inclusão deste capítulo neste roteiro de estudo tem tríplice objetivo. Primeiro, mostrar ao aluno que todo "ismo" é sempre parte de um conjunto, parte de um processo no qual surge e se desenvolve, podendo continuar ou ser substituído. Nada é gratuito nem fortuito na realidade social. O "ismo" tem raízes e se desenvolve sempre vinculado a uma filosofia da história ou a uma explicação pragmática do momento. Quase nunca é resultante só de um fato, mas engloba a realidade como um todo cultural. Segundo, além desta característica totalizante, é oportuno lembrar que nem todo "ismo" surge como resposta antagônica ou como guerra a outro ou a qualquer teoria anterior, embora isto tenha ocorrida. Há "ismos" bipolares, opostos, mas são bem menos numerosos que os outros. Há alguns, que derivados de outros, guardam sua essência, mas diferem na aplicação, no programa, na aceitação teórica ou na posição metodológica. Terceiro, há "ismos" que passam para a história como verdadeiras, piadas ou erros grosseiros, e, pior ainda, se perpetuam em livros didáticos. Cuidado, alerta: são as palavras de ordem diante do cipoal teórico das ciências sociais em tantos livros devorados por mestres e alunos. Na listagem a seguir são mencionados alguns ismos que se encontram nesta situação.
De modo algum esta relação é completa, não temos nada de completo neste roteiro, pois estamos tratando de generalidades, de miscelâneas, com nenhum compromisso com profundidade neste momento. Trata-se apenas de uma primeira aproximação.

Anarquismo

O termo guarda o sentido etimológico: sem governo. Doutrina que defende uma sociedade livre de todo domínio. Significa libertação de qualquer dominação superior, de ordem ideológica (religião, doutrina política), de ordem política (estrutura de poder hierarquizada, de ordem econômica (propriedade dos meios de produção), de ordem social (classe ou grupo social), sindicato; clube, associação), de ordem jurídica (leis e normas). O sentimento geral pela liberdade individual é transporto para a sociedade e encontra no anarquismo forte aliado. O pensamento anárquico surge no final do século 18, com a obra de William Godwin: Enquiry concerning political justice. A bandeira do anarquismo (recusa da autoridade e da lei) está lançada nesta obra. Dentre os pensadores políticos que abraçaram o anarquismo, temos Proudhon, Bakunin, Malatesta, Stierner, Kro­potkin.

Autoritarismo.

Nas ciências sociais o termo tem dois sentidos: Primeiro, comportamento ou personalidade autoritários, tendo como área de investigação a psicologia. O livro clássico é A personalidade autoritária, de Adorno. Segundo, ideologia ou visão que preconiza os métodos autoritários sobre os liberais. O autoritarismo se aproxima do totalitarismo. Permite práticas liberais conquanto sujeitas ao controle da disciplina e da hierarquia. Emprega algumas medidas excepcionais do totalitarismo mas não seus princípios.

Bonapartismo

A expressão tem duplo significado. O primeiro, referente à política interna, com origem em Marx (O dezoito Brumário de Luís Bonaparte), expressa a forma de governo na qual o executivo concentra todo o poder em sua liderança carismática, como representante direto da nação, e árbitro imparcial perante todas as classes. O segundo, no sentido de política externa, tem um componente de expansionismo com duplo objetivo; além da expansão territorial, traz o objetivo de consolidação do regime de governo contra a oposição de grupos radicais. Visa a fortalecer o grupo dominante e enfraquecer os adversários internos. Neste sentido tem sido usado por historiadores alemães, como Meinecke e Fischer, para explicar a política externa da Alemanha guilhermina e nazista. O despotismo do poder bonapartista encontra sua válvula de escape contra pressões internas na política externa.

Capitalismo

Sistema econômico que se fundamenta em alguns princípios, como:
1) propriedade privada dos bens ou meios de produção;
2) economia de mercado ou livre-câmbio, recusando qualquer limitação ao mercado;
3) utilização da tecnologia sempre renovada na produção;
4) racionalização do direito e da contabilidade em função dos princípios acima;
5) liberdade de trabalho e relações capital-trabalho reguladas pelo mercado;
6) comercialização da economia com vistas ao lucro. O capitalismo defende uma economia livre, não centralmente planificada.
É a liberdade na produção. O Estado não interfere senão para barrar aberrações contra tais princípios. O liberalismo tem sido fortemente vinculado ao capitalismo. Só vigora em países cujo regime pol político é também aberto, livre e democrático. A ética protestante contribui para o avanço do capitalismo através de suas normas de vida, como muito trabalho, pouco consumo, vida simples e muita poupança reinvestida. São muitos os autores clássicos do capitalismo como também os de seus inúmeros subterras. Desde Sombart, Weber, Schumpeter, até Galbraith, Hayek, Myrdal e outros contemporâneos.

Clientelismo

Com origem na antiga Roma; clientela designava a relação entre indivíduos de status inferior, mas que viviam na comunidade, protegidos pelos chefes de família. Relação de dependência econômica e política entre o chefe e o cliente numa fidelidade recíproca. O clientelismo vigorou de maneira dominante na política brasileira da Velha República (1889-1930), sob o domínio das oligarquias rurais. O livro nacional que bem descreve o clientelismo é Coronelismo, Enxada e Voto, de Vitor Nunes Leal.

Comunismo

É um regime político e um sistema econômico fundado em alguns princípios, entre os quais citam-se:
1) o trabalho é a única fonte do valor;
2) o capital é um contínuo roubo ao trabalho;
3) o capitalismo é um sistema que leva a sociedade a uma crescente proletarização;
4) o proletariado (classe trabalhadora) conduzirá a sociedade a uma nova forma de regime político e econômico;
5) para garantir e apressar a retórica do proletariado, é necessário e urgente criar a consciência de classe.
Surgiu na Europa no século 19 e tem em Marx, Engels e seus seguidores sua fundamentação teórica bem estruturada. O Manifesto do Partido Comunista é a carta magna do comunismo. Como modo de produção está superado para o futuro. O comunismo primitivo é outra coisa bem diferente, cujos resquícios conhecemos através da antropologia, nas sociedades tribais, ágrafas, primitivas ou selvagens, como nossos índios não-aculturados. Desde Marx e Engels não cessa de crescer os apologistas tanto do capitalismo como do comunismo.

Determinismo (e Possibilismo)

Há vários determinismos; tratamos aqui do geográfico e, en passant, do econômico. O determinismo econômico é um item ou tópico de importância secundária no conceito de modo de produção e seu componente inseparável de infra-estrutura. Digo de importância secundária porque o determinismo econômico de Marx sofreu diversas interpretações no correr do tempo. Marx não era tão determinista (ou mesmo marxista) como seus intérpretes e seguidores. O determinismo geográfico tem raízes profundas na história. Já Hipócrates (século V a.C.) assinalava em Dos ares, das águas e dos lugares o caráter determinista dos fenômenos físicos sobre o comportamento humano. O mesmo ocorreu com Montesquieu em Do espírito das leis (1848), sobretudo com o clima como fator determinante do caráter do povo.

“Dê-me o mapa físico de um país, ... que lhe direi, a priori, qual região será relevante na história, não por acidente, mas por necessidade.”

A afirmação acima, de Victor Cousin retrata bem o significado do determinismo geográfico. Imputado a Ratzel; como grande divulgador desta teoria, o determinismo teve grande divulgação como posição doutrinária da geografia alemã, em oposição à geografia francesa, o que não corresponde à verdade. A leitura de Antropogeografia, de Ratzel, mostra o ledo engano desta tese difundida ainda em livros didáticos. Vidal de la Blache e a geografia francesa surgiram como divulgadores do Possibilismo em oposição ao determinismo geográfico alemão. O possibilismo defende a possibilidade da ação humana sobre o meio físico, sobretudo com o avançar da técnica. Esbarra com a ecologia que combate o crescente rompimento do equilíbrio ecológico. Desde Haeckel e Sorre a ecologia tem sido tema estreitamente ligado à geografia, fazendo parte de sua natureza ou sua essência. A rivalidade entre a França e a Alemanha de então, com a derrota francesa na guerra franco-Prussiana (1870), e a reconhecida superioridade da geografia alemã fizeram com que surgisse esta vinculação do determinismo à geografia alemã e do possibilismo à geografia francesa.
O possibilismo não deve ser confundido com possibilidades (ou oportunidades) de vida – Lebenschancen ou life-chances – tema ligado à mobilidade social, tratado por Weber (Economia e Sociedade, 1922) na área da sociologia.
Outra acepção do possibilismo é a de determinismo cultural, tão divulgado na antropologia do século XIX, a designar o crescimento regular da cultura ou o condicionamento cultural. Os dois clássicos do tema são A antiga sociedade (1877) de Morgan, e A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884) de Engels.

Esquerdismo

O vocábulo tem dupla origem. Primeiro, a palavra skaios (em grego, esquerda). Segundo, no parlamento francês os oposicionistas (jacobinos) ocupavam as cadeiras do lado esquerdo (la gauche). É a posição política que luta por reformas políticas, sociais e econômicas profundas ou por meio de processos violentos, até mesmo da revolução. A esquerda geralmente representa uma força social revolucionária, às vezes reformista; nunca, porém, conservadora ou reacionária contra as quais luta com denodo. O conceito se baseia na simetria espacial. É uma forma simplista de classificar pessoas e regimes políticos. Termo utilizado pela linguagem jornalística, pela linguagem oral, e até mesmo pela linguagem acadêmica, mas com elevado grau de imprecisão. Aqui também há clássicos.

Fanatismo

Obediência cega a uma idéia, apoiada em um zelo obstinado até chegar ao uso da violência para fins de proselitismo e de punição dos opositores ou indiferentes a tal idéia ou crença. Está subjacente no fanatismo a noção de que o ideal, a doutrina ou o objetivo abraçado e defendido é falso é perigoso, não merecedor de tanta dedicação e perseverança. O fanático se opõe ao entusiasta, seguidor de uma idéia nobre e benéfica. O fanatismo se prende ao dogmatismo e, em parte, encontra adeptos entre pessoas de personalidade autoritária, que não percebem o erro ou o perigo que passam a defender. O fanatismo não questiona a sua crença e adere ao sectarismo. É fenômeno antigo na humanidade, e a religião é sua fonte mais freqüente. Entre autores que trataram do tema destacam-se Torque­mada, Calvino e Clemente no passado, e Goebbels neste século.

Funcionalismo

Um dos métodos das ciências sociais. Tem como visão central um sistema social cujas instituições contribuem para a manutenção do equilíbrio. A palavra função expressa bem o significado do método: cada órgão com sua função bem desempenhada e o sistema terá seu equilíbrio garantido. Embora já usado por Durkheim em A divisão do trabalho social e O Suicídio, o livro de Radcliffe-Brown Função e equilíbrio da sociedade primitiva deram novo impulso ao método. Função e equilíbrio são as palavras-chaves do funcionalismo enquanto método de interpretação da realidade social. 0 funcionalismo não nega a evolução ou a mudança social, mas a percebe através da seqüência de equilíbrio s gerados pelas novas instituições sociais ou nova forma de estruturação das antigas instituições.

Historicismo

Visão ou filosofia segundo a qual todos os valores resultam de uma evolução histórica. A historicidade ou a inserção cronológica, causal, condicionante e concomitante de eventos na história constitui posição assumida a priori, isto é, ela é prévia e determina a inserção dos fatos na história. Surgiu no século XIX e contou com eminentes historiadores para divulgação e critica. O termo historicismo apareceu em 1881 na obra de Karl Werner - Giambattista Vico como filósofo e pesquisador erudito, com o significado de estrutura histórica da realidade humana. A razão substitui a providência divina na visão historicista, caracterizada pela consciência histórica, pela historicidade do real. A humanidade é compreendida por sua história e a essência do homem não é a espécie biológica, mas sua história, movida pela razão. Troeltsch, Dilthey, Mannheim, Spengler, Her­der, Toynbee figuram na galeria dos historiadores que divulgaram o historicismo, e Popper o criticou em The poverty of historicism, traduzida em português como A miséria do historicismo.

Humanismo

O termo humanismo surge em 1808 no livro A luta entre o filantropismo e o humanismo, de J. N. Niethammer, no sentido de educação visando à formação global do indivíduo através do estudo dos clássicos gregos e latinos, em oposição às escolas da moderna pedagogia. O vocábulo surgiu tardiamente, pois com este sentido já era praticado vários séculos antes, por Petrarca (1304-1374), Erasmo de Rotterdam (1476-1536) e muitos outros autores. Nesta época o humanismo procura por em destaque a dignidade da pessoa humana e sua autonomia em face da revelação cristã medieval. Os humanistas eram todos exímios helenistas e latinistas. A própria natureza e experiência humanas constituem os fundamentos do humanismo. Há um segundo significado como forma de valorizar o homem, fora da religião, decorrente do naturalismo ateu. E há ainda um terceiro significado, mais usado que o anterior, como sinônimo de filosofia, de visão do homem e do mundo. Neste sentido muitas filosofias advogam o humanismo, como o cristianismo, o marxismo, e muitos partidos políticos o incluem em seus princípios, como a democracia cristã, o liberalismo etc. A máxima do humanismo certamente seria: Homo sum, humani nihil a me alienum puto (sou homem, nada do que é humano me será estranho), verso de Terêncio, escravo liberto e poeta latino (cerca de 190-159 a.C.).

Humorismo

O cômico, a pilhéria, o gracejo, a ironia e o humor foram estudados por cientistas, desde os filósofos antigos até psicólogos do século XX. Embora Aristóteles tenha tratado sucintamente do tema, os antigos davam importância ao humorismo, como comprova o velho adágio: Castigat ridendo mores e as antigas comédias e sátiras grego-romanas. Segundo Bergson, a ironia consiste em fingir ser o que se é realmente, e o humor, em mostrar o que é realmente, simulando o que deveria ser. Freud em A pilhéria e suas relações com o inconsciente (1905) trata do cômico e do humor, sob a perspectiva da psicanálise. Mas os clássicos do humorismo são Theodor Lipps com Comicidade e humorismo, 1899; Kuno Fisher, Sobre a pilhéria, 1889, e Bergson, O riso, 1900. O humorismo é tema importante e sério nas ciências sociais, na imensa área de incidência entre antropologia, psicologia e sociologia.

Idealismo

É uma das diversas posições sobre o conhecimento e sobre a sua essência. Considera o real redutível à idéia, ao pensamento, ou, em outros termos, a idéia ou pensamento é a essência da realidade. Platão é o pioneiro a defender esta posição. O idealismo gnosiológico é também defendido pelo cartesianismo e por Berkeley, e o idealismo transcendental por Kant, Malebranche, Fichte, Schelling, Hegel e outros filósofos. Ao idealismo se contrapõem o material ismo e a sua práxis. Marx se opõe veementemente ao idealismo em sua tríplice forma metafísica, histórica e ética. Suas primeiras obras, de 1843 a 1847, constituem ampla crítica ao idealismo. A história e a vida real são simplesmente "a atividade dos homens em busca de seus fins" (A sagrada família, 1845). Além do idealismo, há o realismo e a fenomenologia como soluções metafísicas sobre a essência do conhecimento.

Individualismo

O termo pode ser compreendido como filosofia ou crença para a qual o indivíduo é um fim em si mesmo - Individuum est ineffabile - e como uma teoria que defende o primado do indivíduo sobre a sociedade e o Estado. E neste segundo sentido que interessa às ciências sociais. Liberdade, propriedade privada e limitação do poder do Estado - eis as palavras-chaves do Individualismo. Há tendência em se vincular ou relacionar Capitalismo e Individualismo bem como Socialismo e Coletivismo. De fato, há atributos comuns que os aproximam. O livro de Tocqueville - A democracia na América - foi um dos primeiros a mostrar as conquistas sociais dentro de um individualismo concreto, que muito mais a aproxima do liberalismo. O individualismo ora é atacado ora é defendido no decorrer dos tempos. Rousseau e Mandeville (por ele citado), Durkheim, Toennies, Hayek e tantos outros tratam do tema.

Integralismo

Movimento político brasileiro dos anos 1930 sob a direção de Plínio Salgado, com apoio teórico de Oliveira Viana, Alberto Torres e Jackson de Figueiredo. É uma forma de humanismo espiritualista defendendo o primado do espírito sobre o moral, do moral sobre o social, do social sobre o nacional, do nacional sobre o indivíduo. Tinha por lema Deus, pátria e família, e por emblema a letra grega maiúscula sigma significando somatório, união. Teve influência do nazi-fascismo, caindo também no preconceito contra os judeus e perdeu prestígio com a derrota destes regimes na última guerra.

Liberalismo

Liberalismo é um conceito de muitas acepções. O termo não tem significado unívoco. Muitos liberais e pouco liberalismo, diria algum dos liberais meio radicais em sua corrente. É um conjunto de valores a nortear a existência humana. Pode ser enunciado de diversas maneiras, pois abrange a vida social em todos os seus aspectos. Pode-se dizer que é uma visão de mundo, uma filosofia do momento presente. Caracteriza-se por alguns princípios, entre os quais arrolamos os seguintes:
1) é individualista, defendendo o primado do indivíduo sobre a sociedade ou qualquer grupo social;
2) é igualitário, admitindo e garantindo a igualdade do homem enquanto pessoa, cada um com seu predicado moral igual, quaisquer que sejam a origem étnica, a religião, o partido político, o sindicato, o clube etc.;
3) é universalista, defendendo a homogeneidade moral da espécie humana; regiões, estágios de crescimento econômico, países e regimes políticos são aspectos secundários diante da igualdade moral do homem;
4) é otimista, admitindo o aperfeiçoamento das instituições sociais de cada sociedade;
5) é recente na história da humanidade, surgindo após a Revolução Gloriosa Inglesa, e de modo mais forte após a Revolução Francesa, tendo como raiz o pensamento de Locke (1632-1704);
6) defende a liberdade como direito natural de todo indivíduo e toda autoridade é limitada por esse direito.
O liberalismo é uma teoria ou doutrina de liberdade política e de liberdade econômica. De conformidade com os quesitos anteriores, orienta a ação do Estado e de qualquer autoridade, visando ao bem comum, sem ferir qualquer indivíduo ou grupo social. Entre seus representantes contamos com Locke, Tocqueville e, sobretudo com a Escola de Viena. O liberalismo ressurge agora no mundo com nova força. No Brasil já temos vários Institutos Liberais, desde a criação, no Rio de Janeiro em 1983; do primeiro núcleo de pesquisas e de divulgação do liberalismo, nos moldes europeus. (Endereços - Rio de Janeiro: Av. Pres. Wilson, 231, 27° andar - Castelo; São Paulo: Rua Bela Cintra, 471, sala 121.


Marxismo

É um termo muito usado e com vários significados. Deriva de Marx (1818-18831 e designa um método de interpretação das ciências sociais, uma filosofia da história, uma corrente de pensamento na economia e mesmo um dogma ou religião. As ciências sociais utilizam o marxismo como método de interpretação da realidade social ao encararem a sociedade como um processo dinâmico movido pelo antagonismo ou conflito inerente às classes sociais. O recurso teórico desta visão é o materialismo dialético aplicado à história da humanidade, ou seja, o materialismo histórico. O conceito-chave é modo de produção (infra-estrutura e superestrutura). Como filosofia da história tem a mesma visão metodológica, abrangendo sempre a tese, sua antítese e, do confronto das duas, a síntese, que se afirma como tese e novo processo sempre recorrente. O caráter determinante da infra-estrutura (forças produtivas e relações de produção) mais o antagonismo entre as classes explicam o caminhar da humanidade desde o comunismo primitivo, ao escravismo, feudalismo, capitalismo até o socialismo. Como corrente de pensamento na economia, o marxismo guarda seu conteúdo desta visão macro, mas desce para a microeconomia, na teoria do valor, em que o trabalho é a palavra-chave enquanto relação social, cujo resultado é o salário 0 marxismo tem sido também um dogma ou religião com todas as características desta. É o caso do marxismo-leninismo aplicado na União Soviética até recentemente. O grande mérito do marxismo, em qualquer conceito em que seja empregado, é vincular sempre o econômico ao político, envolvendo ambos pelo histórico.

Milenarismo

E um termo que envolve aspectos religiosos e políticos. Designa movimentos sociais surgidos geralmente em momentos de crise, cujo conteúdo e objetivo é o retorno ao passado feliz aqui na terra. O componente religioso é a crença irracional na salvação iminente e total. O componente político é a associação e a participação ativa em decorrência desta crença. 0 surgimento de um I líder carismático dá vigor ao movimento, cujo messias ou salvador passa a controlar toda a massa religiosa politizada. O texto clássico é o livro da Professora Maria Isaura Pereira de Queiroz: O messianismo no Brasil e no mundo. O tema não foge de todo da psicologia social devido ao tipo psicológico do líder a à tendência a paroxismo, produzida pela sugestão e imitação voluntária. A manipulação das massas também está, muitas vezes, presente em tais movimentos.

Positivismo

Conjunto de idéias e doutrinas de Comte (1798-1857) baseado nas obras Curso de filosofia positiva (1830-42), Sistema de filosofia positiva (1851-54) e Catecismo positivista (1852. Admite a evolução da humanidade em três estados: teológico, metafísico e positivo. "Tudo é relativo - eis o princípio absoluto único." Classificou também as ciências conforme a generalidade decrescente e a complexidade crescente: matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia; acrescentou mais tarde a psicologia. Criou o vocábulo sociologia, dividida em estática (organismo social) cujo fim é a ordem e dinâmica (evolução humana) cujo fim é o progresso. No século XX o positivismo ressurgiu com novo nome e outra preocupação, no Círculo de Viena, empirismo lógico ou positivismo lógico.

Sectarismo
É a adesão a um I líder, a uma fé, a uma doutrina pol política, adesão firme e cega, até as últimas conseqüências, mesmo absurdas. Tem muita semelhança com o fanatismo e compromete o bem-estar social, através da perseguição ou intolerância dos seguidores e do abandono do bom senso, dos valores, direitos e deveres do cidadão. É o impulso passional que move o indivíduo, não a razão. Traz a conotação de espírito de seita, alimentado pelo ódio.

Socialismo
É um regime econômico cujos princípios são basicamente os seguintes:
1) propriedade social ou coletiva dos meios de produção;
2) planificação social estruturada teoricamente com a finalidade de constituir uma sociedade mais justa, com minimização da desigualdade social;
3) tendência geral para a defesa da justiça igualitária. Teve seu auge no século 19 e Marx dedicou um capítulo de seu Manifesto Comunista para os diversos tipos de socialismo, a fim de orientar intelectuais e a classe operária contra tendências ou correntes socialistas reformistas e burguesas. É evidente que tal regime econômico não seja adequado ao liberalismo que inspira o capitalismo. Seu ideal de igualdade tem, na realidade, dividido a sociedade em dois segmentos ou classes distintas: o povo cujas necessidades básicas são satisfeitas e os dirigentes cujas necessidades supérfluas continuam a crescer, qual pequeno reduto capitalista dentro do socialismo. A URSS é apontada como o modelo vivo do socialismo. Em face do fracasso econômico contínuo, surgem com esperança a Glasnost e a Perestroika, cujos êxitos o mundo inteiro aguarda.

Totalitarismo

É o primado do poder de Estado sobre o indivíduo. É a expansão do controle e da ação permanente do Estado sobre a vida social. O totalitarismo tem por princípio a ação e o controle do Estado sobre a sociedade, geralmente não admite partidos políticos, salvo o do poder. Os exemplos mais característicos e recentes são os regimes nazi-fascista e soviético. O livro clássico é Origens do totalitarismo, de Hannah Arendt.


Utilitarismo ou Pragmatismo

Teoria ética e social que defende a busca do poder como objetivo do homem. E uma versão moderna do epicurismo, ou a busca da felicidade. Surgiu no final do século XIX com J. Bentham e J. Mill. Tem certa semelhança com o hedonismo, diferenciando-se deste pelo aspecto moral. Segundo Veblen, o homem econômico é um emérito calculador de prazeres e de sofrimentos, se se consideram o lucro e o custo como prazer e sofrimento. O direito serviu-se da idéias utilitaristas, através da jurisprudência produzida pela obra de Beccaria: Dos delitos e das penas, que defendia a pena ou o sofrimento para todos os criminosos, de qualquer classe sem distinção, desde a nobreza até a classe mais baixa. 0 crime deve ser compensado de seu prejuízo para com a sociedade através do castigo e a única medida do crime é a extensão do dano: maior crime, maior pena.

Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel

Karl Marx
Na Alemanha, a crítica da religião chegou, no essencial, ao
fim. A crítica da religião é a premissa de toda crítica.
A existência profana do erro ficou comprometida, uma vez
refutada sua celestial oratio pro aris et focis [oração pelo lar e pelo
ócio].
O homem que só encontrou o reflexo de si mesmo na realidade
fantástica do céu, onde buscava um super-homem, já não se sentirá
inclinado a encontrar somente a aparência de si próprio, o nãohomem,
já que aquilo que busca e deve necessariamente buscar é a
sua verdadeira realidade.
A religião não faz o homem, mas, ao contrário, o homem faz a religião:
este é o fundamento da crítica irreligiosa. A religião é a
autoconsciência e o autosentimento do homem que ainda não se
encontrou ou que já se perdeu. Mas o homem não é um ser abstrato,
isolado do mundo. O homem é o mundo dos homens, o Estado, a
sociedade. Este Estado, esta sociedade, engendram a religião, criam
uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo
invertido. A religião é a teoria geral deste mundo, seu compêndio
enciclopédico, sua lógica popular, sua dignidade espiritualista, seu
entusiasmo, sua sanção moral, seu complemento solene, sua razão
geral de consolo e de justificação. É a realização fantástica da
essência humana por que a essência humana carece de realidade
concreta. Por conseguinte, a luta contra a religião é, indiretamente, a
luta contra aquele mundo que tem na religião seu aroma espiritual.
A miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de
outro, o protesto contra ela. A religião é o soluço da criatura oprimida,
o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação
carente de espirito. É o ópio do povo.
A verdadeira felicidade do povo implica que a religião seja suprimida,
enquanto felicidade ilusória do povo. A exigência de abandonar as
ilusões sobre sua condição é a exigência de abandonar uma condição
que necessita de ilusões. Por conseguinte, a crítica da religião é o
germe da critica do vale de lágrimas que a religião envolve numa
auréola de santidade.
A crítica arrancou as flores imaginárias que enfeitavam as cadeias,
não para que o homem use as cadeias sem qualquer fantasia ou
consolação, mas para que se liberte das cadeias e apanhe a flor viva.
A crítica da religião desengana o homem para que este pense, aja e
organize sua realidade como um homem desenganado que recobrou a
razão a fim de girar em torno de si mesmo e, portanto, de seu
verdadeiro sol. A religião é apenas um sol fictício que se desloca em
torno do homem enquanto este não se move em torno de si mesmo.
Assim, superada a crença no que está além da verdade, a missão da
história consiste em averiguar a verdade daquilo que nos circunda. E,
como primeiro objetivo, uma vez que se desmascarou a forma de
santidade da autoalienação humana, a missão da filosofia, que está à
serviço da história, consiste no desmascaramento da autoalienação
em suas formas não santificadas. Com isto, a crítica do céu se
converte na crítica da terra, a critica da religião na critica do direito, a
crítica da teologia na crítica da Política.
A exposição seguinte - uma abordagem a este trabalho - não se
prende diretamente ao original, senão a uma cópia deste, à filosofia
alemã do direito e do Estado, pelo simples fato de se ater à Alemanha.
Se nos quiséssemos ater ao status quo alemão, ainda que da única
maneira adequada, isto é, de modo negativo, o resultado continuaria a
ser anacrônico. A mesma negação de nosso presente político já se
acha coberta de pó no sótão de trastes velhos dos povos modernos.
Ainda que nos recusemos a recolher estes materiais empoeirados,
continuaremos conservando os materiais sem poeira. Ainda que
neguemos as situações existentes na Alemanha de 1843, apenas nos
situaremos, segundo a cronologia francesa, em 1789, e ainda menos
no ponto focal dos dias atuais.
E o caso da história alemã gabar-se de um movimento ao qual
nenhum povo do firmamento histórico se adiantou a ela nem a seguirá.
Com efeito, os alemães compartem as restaurações dos povos
modernos, sem haver participado de suas revoluções. Passamos por
uma restauração, em primeiro lugar, porque outros povos se
atreveram a fazer uma revolução e, em segundo lugar, porque outros
povos sofreram uma contra-revolução; a primeira vez porque nossos
senhores tiveram medo e a segunda porque não o tiveram. Tendo à
frente nossos pastores, só uma vez nos encontramos em companhia
da liberdade: no dia de seu enterro.
Uma escola que legitima a infâmia de hoje com a infâmia de ontem;
uma escola que declara ato de rebeldia todo grito do servo contra o
knut, da mesma maneira que este é um knut pesado de anos,
tradicional, histórico; uma escola a que a história só mostre seu a
posteriori, como o Deus de Israel a seu servo Moisés, numa palavra, a
Escola histórica do Direito teria sido inventada pela história alemã se
já não fosse por si uma invenção desta. É Shylock, mas o criado
Shylock, que por cada libra de carne cortada do coração do povo, jura
e perjura por sua escritura, por seus títulos históricos, por seus títulos
cristão-germânicos.
Em troca, certos entusiastas bondosos, germanistas pelo sangue e
liberais pela reflexão, vão buscar além da história, nas selvas
teutônicas virgens, a história da nossa liberdade. Mas, se só se
encontra na selva, em que se distingue a história da nossa liberdade
da história da liberdade do javali? Além disso, é fato sabido que
quanto mais alguém se interna no bosque, tanto mais ressoa sua voz
fora deste. Por conseguinte, deixemos em paz a selva virgem
teutônica.
Guerra aos estados de coisas alemães! É certo que se encontram
abaixo do nível da história, abaixo de toda critica, mas continuam a
ser, apesar disto, objeto de crítica, assim como o criminoso, por não
se achar abaixo do nível da humanidade, não deixa de ser objeto do
verdugo. Na luta contra eles, a crítica não é uma paixão do cérebro,
mas o cérebro da paixão. Não é o bisturi anatômico, mas uma arma.
Seu objeto é o adversário, que não procura refutar, mas destruir. O
espírito daquelas situações já foi refutado. Não são dignas de serem
lembradas; devem ser desprezadas como existências proscritas. Não
há necessidade da crítica esclarecer este objeto frente a si mesma,
pois dele já não se ocupa. Esta crítica não se conduz como um fim em
si, mas, simplesmente, como um meio. Seu sentimento essencial é a
indignação; sua tarefa essencial, a denúncia.
Trata-se de descrever a surda pressão mútua de todas as esferas
sociais, umas sobre as outras, a alteração geral e imprudente, a
limitação que tanto se reconhece quanto se desconhece, enquadrada
dentro do modelo de um sistema de governo, que, vivendo da
conservação de tudo aquilo que é lamentável, não é outra coisa senão
o que há de lamentável no governo. Espetáculo lamentável! A divisão
da sociedade até o infinito nas raças mais diversas, que se enfrentam
umas às outras com pequenas antipatias, más intenções e brutal
mediocridade e que, precisamente em razão de sua mútua posição
cautelosa são tratadas por seus senhores, Sem exceção e com
algumas diferenças, como existências sujeitas a suas concessões. Até
isto, até o fato de se verem dominadas, governadas e possuídas tem
que ser reconhecido e confessado por elas como uma concessão do
céu! E, por outro lado, aqueles senhores, cuja grandeza se encontra
em relação inversa ao numero delas!
A crítica que se ocupa deste conteúdo é a crítica da competição.
Durante a competição não interessa saber se o adversário é nobre, da
mesma categoria, se é um adversário interessante; trata-se de vencêlo.
Trata-se de não conceder aos alemães nem um só instante de
ilusão e de resignação. Há que tornar a opressão real ainda mais
opressiva, acrescentando àquela a consciência da opressão; há que
tornar a infâmia ainda mais infamante, ao proclamá-la. Há que pintar a
todas e a cada uma das esferas da sociedade alemã como a partie
honteuse [partes pudendas] da sociedade alemã; há que obrigar estas
relações escravizadas a dançar, cantando-lhes sua própria melodia.
Há que ensinar o povo a ter pavor de si mesmo, para infundir-lhe
ânimo. Com isto, se satisfaz uma indisfarçável necessidade do povo
alemão; as necessidades dos povos são, em sua própria pessoa, os
últimos fundamentos de sua satisfação.
Esta luta contra o status quo alemão tampouco carece de interesse
para os povos modernos, pois o status quo alemão é a consagração
franca e sincera do antigo regime, e o antigo regime, a debilidade
oculta do Estado moderno. A luta contra o presente político alemão é a
luta contra o passado dos povos modernos; as reminiscências deste
passado continuam a pesar ainda sobre eles e a oprimi-los. É
instrutivo para estes povos ver como o antigo regime, que neles
conheceu sua tragédia, representa agora sua comédia; é instrutivo
para estes povos vê-lo como o espectro alemão. Sua história foi
trágica enquanto encarnou o poder preexistente do mundo e a
liberdade como uma ocorrência pessoal; numa palavra, enquanto
acreditou e devia acreditar na sua legitimidade. Enquanto o antigo
regime e a ordem existente no mundo lutavam contra um mundo em
estado de gestação, trazia de sua parte um erro histórico-universal e
não de caráter pessoal. Portanto, sua catástrofe foi trágica.
Pelo contrário, o atual regime alemão, que é um anacronismo, uma
contradição flagrante com todos os axiomas geralmente reconhecidos,
a nulidade do antigo regime posta em evidência frente ao mundo
inteiro, só imagina crer em si próprio e exige do inundo a mesma fé
ilusória. Se acreditasse em seu próprio ser, acaso iria escondê-lo sob
a aparência de um ser estranho e procurar sua salvação na hipocrisia
e no sofisma? Não, o moderno regime antigo já não é mais do que o
comediante de uma ordem social cujos heróis reais já morreram. A
história é conscienciosa e passa por muitas fases antes de enterrar as
velhas formas. A comédia é a última fase de uma forma históricouniversal.
Os deuses da Grécia, já tragicamente feridos no Prometeu
acorrentado de Ésquilo, morreram ainda outra vez, comicamente, nos
colóquios de Luciano. Por que esta trajetória histórica? Para que a
humanidade possa separar-se alegremente de seu passado. Este
alegre destino histórico é que nós reivindicamos para as potências
políticas da Alemanha.
Não obstante, tão logo a moderna realidade político-social se veja
submetida à crítica, isto é, tão logo a critica ascende ao plano dos
problemas verdadeiramente humanos é que se encontra fora do status
quo alemão, pois de outro modo abordaria seu objeto por baixo de si
mesma. Um exemplo: a relação entre a indústria, o inundo da riqueza
em geral e o mundo político é um problema fundamental da época
moderna. De que forma este problema começa preocupar os
alemães? Sob a forma de normas protetoras, de sistema proibitivo, da
economia nacional. O germanismo passou dos homens a matéria e,
um belo dia, nossos donos do algodão e nossos heróis do ferro viramse
convertidos em patriotas. Assim, pois, na Alemanha começa-se
pelo reconhecimento da soberania do monopólio rumo ao interior,
conferindo-lhe a soberania rumo ao exterior. Isto significa que na
Alemanha se começa por onde terminam a França e a Inglaterra. A
velha situação insustentável contra a qual se levantam teoricamente
estes países e que só são suportáveis como são suportados os
grilhões, é saudada na Alemanha como a primeira luz do amanhecer
de um belo futuro, que apenas se atreve a passar de uma ladina teoria
à mais implacável prática. Enquanto na França e na Inglaterra o
problema é colocado em termos de economia política ou império da
sociedade sobre a riqueza, na Alemanha os termos são outros:
economia nacional ou império da propriedade privada sobre a
nacionalidade. Portanto, na França e na Inglaterra trata-se de abolir o
monopólio, que chegou a suas últimas conseqüências; na Alemanha,
trata-se de levar o monopólio a suas últimas conseqüências, No
primeiro caso, trata-se da solução; no segundo, simplesmente da
contradição. Exemplo suficiente da forma alemã que ali adotam os
problemas modernos, de como nossa história, tal qual o recruta
imbecil, não teve até agora outra missão senão a de praticar a repetir
exercícios já feitos.
Por conseguinte, se todo o desenvolvimento da Alemanha não saísse
dos marcos do desenvolvimento político alemão, um alemão apenas
poderia, muito bem, participar dos problemas do presente, do mesmo
modo como um russo deles pode participar. Mas, se um indivíduo livre
não se acha vinculado às cadeias da nação, ainda menos livre se vê a
nação inteira diante da libertação de um indivíduo. Os citas não
investiram um só passo contra a cultura grega porque a Grécia
contasse um deles entre seus filósofos.
Por sorte, nós, alemães, não somos citas.
Assim como os povos antigos viveram sua pré-história na imaginação,
na mitologia, nós, alemães, vivemos nossa pós-história no
pensamento, na filosofia. Somos contemporâneos filosóficos do
presente, sem ser seus contemporâneos históricos. A filosofia alemã é
o prolongamento ideal da história da Alemanha. Portanto, se ao invés
das oeuvres incompletes [Obras incompletas] de nossa história real,
criticamos as oeuvres posthumes [Obras póstumas] de nossa história
ideal, a filosofia, nossa crítica figura no centro dos problemas dos
quais diz o presente: That is the question [Eis a questão].
O que para os povos progressistas é a ruptura prática com as
situações do Estado moderno, na Alemanha, onde estas situações
nem sequer existem, isto significa, antes de tudo, a ruptura critica com
o reflexo filosófico destas situações.
A filosofia alemã do Direito e do Estado é a única história alemã que
se acha a par com o presente oficial moderno. Por isto, o povo alemão
não tem outro remédio senão incluir também esta sua história feita de
sonhos entre suas situações existentes e submeter à crítica não só
estas mesmas situações, mas, também e ao mesmo tempo, seu
prolongamento abstrato. O futuro deste povo não pode limitar-se nem
à negação de suas condições estatais e jurídicas reais, nem à
execução indireta das condições ideais de seu Estado e de seu direito,
já que a negação direta de suas condições reais já está envolvida em
suas condições ideais e a execução indireta de suas condições ideais
quase a fez sobreviver ao contemplá-las nos povos vizinhos. Assim,
ao reclamar a negação da filosofia, o partido político prático da
Alemanha tem toda razão. Seu erro não reside na exigência, mas em
deter-se na simples exigência, que não coloca nem pode colocar
seriamente em prática. Acredita colocar em prática aquela negação
pelo fato de voltar as costas à filosofia e de resmungar, olhando para o
lado oposto, umas tantas frases banais e mal-humoradas. A limitação
de seu horizonte visual não inclui também a filosofia da realidade
alemã no Estreito de Bering, nem chega a imaginá-la quimericamente,
inclusive, entre a prática alemã e as teorias que a servem. Exige-se
uma conexão com os germes reais da vida, mas esquece-se que o
germe real da vida do povo alemão só brotou, até agora, de sua caixa
craniana. Numa palavra, não podereis superar a filosofia sem realizála.
A mesma injustiça, só que com fatores inversos, cometeu o partido
político teórico, que partia da filosofia.
Este partido só via na luta atual a luta critica da filosofia com o mundo
alemão, sem imaginar sequer que a filosofia anterior pertencia ela
mesma a este mundo e era um complemento, ainda que apenas seu
complemento ideal. Assumia uma atitude crítica frente à parte
contrária, mas não adotava um comportamento crítico para consigo
mesmo, já que partia das premissas da filosofia e, ou se detinha em
seus resultados adquiridos ou apresentava como postulados e
resultados diretos da filosofia, os postulados e resultados de outra
origem, embora estes supondo que sejam legítimos - só podem
manter-se de pé, pelo contrário, mediante a negação da filosofia
anterior, da filosofia como tal. Propomo-nos a tratar mais a fundo deste
partido. Seu erro fundamental pode resumir-se assim: acreditava
poder realizar a filosofia sem superá-la.
A crítica da filosofia alemã do direito e do Estado, que encontra em
Hegel sua expressão máxima, a mais conseqüente e a mais rica, é
simultaneamente as duas coisas, tanto a análise crítica do Estado
moderno e da realidade a ele relacionada como a negação decisiva de
todo o modo anterior de consciência política e jurídica alemã, cuja
expressão mais nobre, mais universal, elevada à ciência, é
precisamente a mesma filosofia especulativa do direito. Assim como a
filosofia especulativa do direito - este pensamento abstrato e
superabundante do Estado moderno cuja realidade continua a ser o
além, apesar deste além se encontrar do outro lado do Reno - só
poderia processar-se na Alemanha, assim também, por sua vez e
inversamente, a imagem alemã, conceitual, do Estado moderno -
abstraída do homem real - só se tornou uma possibilidade porque e
enquanto o mesmo Estado moderno se abstrai do homem real ou
satisfaz o homem total de modo puramente imaginário. Em política, os
alemães pensam o que os outros povos fazem. A Alemanha era sua
consciência teórica. A abstração e a arrogância de seu pensamento
corria sempre em parelha com a limitação e a mesquinhez de sua
realidade. Por conseguinte, se o status quo do Estado alemão exprime
a perfeição do antigo regime, o acabamento da lança cravada no
Estado moderno, o status quo da consciência do Estado alemão
expressa a imperfeição do Estado moderno, a falta de consistência de
seu próprio corpo.
Enquanto adversário decidido do modo anterior de consciência política
alemã, o Estado orienta a crítica da filosofia especulativa do direito
não para si mesma, mas para tarefas cuja solução exige apenas um
meio: a prática.
Indagamo-nos: pode a Alemanha chegar a uma prática à la hauter des
principes [à altura dos princípios], isto é, a uma revolução que a eleve
não só ao nível oficial dos povos modernos mas, também, ao nível
humano que será o futuro imediato destes povos!
As armas da crítica não podem, de fato, substituir a crítica das armas;
a força material tem de ser deposta por força material, mas a teoria
também se converte em força material uma vez que se apossa dos
homens. A teoria é capaz de prender os homens desde que
demonstre sua verdade face ao homem, desde que se torne radical.
Ser radical é atacar o problema em suas raízes. Para o homem,
porém, a raiz é o próprio homem. A prova evidente do radicalismo da
teoria alemã e, portanto, de sua energia prática, consiste em saber
partir decididamente da superação positiva da religião. A crítica da
religião derruba a idéia do homem cama essência suprema para si
próprio. Por conseguinte, com o imperativo categórico mudam todas
as relações em que o homem é uns seres humilhados, subjugados,
abandonados e desprezíveis, relações que nada poderia ilustrar
melhor do que aquela exclamação de um francês ao tomar
conhecimento da existência de um projeto de criação do imposto
sobre cães: Pobres cães! Querem tratá-los como se fossem pessoas!
Até historicamente a emancipação teórica tem um interesse
especificamente prático para a Alemanha. O passado revolucionário
da Alemanha é, de fato, um passado histórico: é a Reforma. Como
então no cérebro do frade, a revolução começa agora no cérebro do
filósofo.
Lutero venceu efetivamente a servidão pela devoção porque a
substituiu pela servidão da convicção. Acabou com a fé na autoridade
porque restaurou a autoridade da fé. Converteu sacerdotes em leigos
porque tinha convertido leigo em sacerdotes. Libertou o homem da
religiosidade externa porque erigiu a religiosidade no interior do
homem. Emancipou o corpo das cadeias porque sujeitou de cadeias o
coração.
Mas, se o protestantismo não foi a verdadeira solução, representou a
verdadeira colocação do problema. Já não se tratava da luta do leigo
com o sacerdote que existe fora dele, mas da luta com o sacerdote
que existe dentro de si próprio, com sua natureza sacerdotal. E, se a
transformação protestante do leigo alemão em sacerdote emancipou
os papas leigos, os príncipes, com toda sua clerezia, se emancipou
privilegiados e filisteus, a transformação filosófica dos alemães com
espírito sacerdotal em homens emancipará o povo. Mas, do mesmo
modo que a emancipação não se deteve nos príncipes, tampouco a
secularização dos bens se deterá no despojo da igreja, realizada,
sobretudo pela hipócrita Prússia. A guerra dos camponeses, fato mais
radical da história alemã, lançou-se contra a teologia. Hoje, com o
fracasso da própria teologia, o fato mais servil da história alemã, nosso
status quo, se lançará contra a filosofia. As vésperas da Reforma, a
Alemanha oficial era o servo mais submisso de Roma. As vésperas de
sua revolução, é o servo submisso de algo menos que Roma, Prússia
e Áustria, de fidalguetos rurais e filisteus,
Não obstante, uma dificuldade fundamental parece opor-se a uma
revolução alemã radical.
Com efeito, as revoluções necessitam de um elemento passivo, de
uma base material. A teoria só se realiza numa nação na medida que
é a realização de suas necessidades. Ora, ao imenso divórcio
existente entre os postulados do pensamento alemão e as respostas
da realidade alemã corresponderá o mesmo divórcio existente entre a
sociedade alemã e o Estado e consigo mesma! Não basta que o
pensamento estimule sua realização; é necessário que esta mesma
realidade estimule o pensamento.
Todavia, a Alemanha não escalou simultaneamente com os povos
modernos as fases intermediárias da emancipação política.
Praticamente,. não chegou sequer às fases que superou teoricamente.
Como poderia, de um salto mortal, remontar-se não só sobre seus
próprios limites, como também e ao mesmo tempo, sobre os limites
dos povos modernos, sobre limites que na realidade devia sentir e aos
quais devia aspirar como a emancipação de seus limites reais! Uma
revolução radical só pode ser a revolução de necessidades radicais,
cujas premissas e lugares de origem parecem faltar completamente.
Não obstante, se a Alemanha só abstratamente acompanhou o
desenvolvimento dos povos modernos, sem chegar a participar
ativamente das lutas reais deste, não é menos verdade que, de outro
lado, partilhou os sofrimentos deste mesmo desenvolvimento, sem
usufruir seus benefícios e satisfações parciais. A atividade abstrata de
um lado corresponde o sofrimento abstrato do outro. Assim, numa bela
manhã, a Alemanha se encontrará em nível idêntico à decadência
européia antes mesmo de haver atingido o nível da emancipação
européia. Poderíamos compará-la a um idólatra que agonizasse,
vítima do cristianismo.
Fixemo-nos, antes de mais nada, nos governos alemães, e os
veremos de tal modo impulsionados pelas condições da época, pela
situação da Alemanha, pelo ponto de vista da cultura alemã e,
finalmente, por seu próprio instinto certeiro, a combinar os defeitos
civilizados do mundo dos Estados modernos, cujas vantagens não
possuímos, com os defeitos bárbaros do antigo regime, de que nos
podemos jactar até a saciedade, que a Alemanha, senão por
prudência, pelo menos à falta desta tem que participar cada vez mais
da constituição de Estados que estão muito além de seu status quo.
Acaso, por exemplo, há no mundo algum país que partilhe tão
simplesmente como a chamada Alemanha constitucional todas as
ilusões do Estado constitucional sem partilhar de suas realidades. Ou
não teria que ser necessariamente uma ocorrência do governo alemão
o fato de associar os tormentos da censura aos tormentos das leis de
setembro na França, que pressupõem a liberdade de imprensa. Assim
como no panteão romano se reuniam os deuses de todas as nações,
no sacro império romano germânico se reúnem os pecados de todas
as formas de estado. Que este ecletismo chegará a alcançar um nível
até hoje inimaginado, o garante, de fato, o enfado estético-político de
um monarca alemão que aspira desempenhar, se não através da
pessoa do povo, pelo menos em sua própria, se não para o povo, pelo
menos para si mesmo, todos os papéis da monarquia: a feudal e a
burocrática, a absoluta e a constitucional, a autocrática e a
democrática. A Alemanha, como a ausência do presente político
constituído num mundo próprio, não poderá derrubar as barreiras
especificamente alemães sem derrubar a barreira geral do presente
político.
Para a Alemanha, o sonho utópico não é a revolução radical, não é a
emancipação humana geral, mas, ao contrário, a revolução parcial, a
revolução meramente política, a revolução que deixa de pé os pilares
do edifício. Sobre o que repousa uma revolução parcial, uma
revolução meramente política? No fato de emancipar uma parte da
sociedade burguesa e de instaurar sua dominação geral, no fato de
uma determinada classe empreender a emancipação geral da
sociedade a partir de sua situação especial. Esta classe emancipa
toda a sociedade, mas apenas sob a hipótese de que toda a
sociedade se encontre na situação desta classe, isto é, que possua,
por exemplo, dinheiro e cultura ou que possa adquiri-los.
Nenhuma classe da sociedade burguesa pode desempenhar este
papel sem provocar um momento de entusiasmo em si e na massa,
momento durante o qual confraterniza e se funde com a sociedade em
geral, com ela se confunde e é sentida e reconhecida como seu
representante geral, que suas pretensões e direitos são, na verdade,
os direitos e ai pretensões da própria sociedade, que esta classe é
realmente o cérebro e o coração da sociedade. Somente em nome
dos direitos gerais da sociedade pode uma classe especial reivindicar
para si a dominação geral. E, para atingir esta posição emancipadora
e poder, portanto, explorar politicamente todas as esferas da
sociedade em benefício da própria esfera, não bastam por si sós a
energia revolucionária e o amor próprio espiritual. Para que coincidam
a revolução de um povo e a emancipação de uma classe especial da
sociedade burguesa, para que uma classe valha por toda a sociedade,
é necessário, pelo contrário, que todos os defeitos da sociedade se
condensem numa classe, que uma determinada classe resuma em si
as repulsas gerais, que seja a incorporação do obstáculo geral; é
necessário, para isto, que uma determinada esfera social seja
considerada como crime notório de toda a sociedade, de tal modo que
a emancipação desta esfera surja como autoemancipação geral. Para
que um estado seja par excellenee o estado de libertação, é
necessário que outro seja o estado de sujeição por antonomásia. O
significado negativo geral da nobreza e do clero franceses condicionou
a significação positiva geral da classe inicialmente delimitadora e
contraposta, da burguesia.
Todavia, todas as classes especiais da Alemanha carecem de
conseqüência, rigor, arrojo e intransigência capazes de convertê-las
no representante negativo da sociedade. Além do mais, todas
carecem da grandeza de espírito que pudesse identificar uma delas,
ainda que momentaneamente, com o espírito do povo; todas carecem
da genialidade que infunde o entusiasmo do poder político ao poder
material, da intrepidez revolucionária que lança o desafio ao inimigo:
Nada SOU e tudo deveria ser. Esse modesto egoísmo que faz valer e
permite que outros também façam valer suas próprias limitações é o
fundo básico da moral e da honradez de indivíduos e classes na
Alemanha. Por isto, a relação existente entre as diversas esferas da
sociedade alemã não é dramática, mas épica. Cada uma delas
começa a sentir e a fazer chegar às outras suas pretensões, não ao se
ver oprimida, mas quando as circunstâncias do momento, sem
intervenção sua, criam uma base social sobre a qual, por sua vez,
possa exercer pressão. Até mesmo o amor próprio moral da classe
média alemã repousa sobre a consciência de ser o representante
geral da mediocridade filistéia de todas as demais classes. Portanto,
não são apenas os reis alemães que ascendem ao trono mal à propos
[Inoportunamente], mas todas as esferas da sociedade burguesa, que
sofrem sua derrota antes de terem festejado a vitória, que
desenvolvem seus próprios limites antes de terem ultrapassado os
limites que se opõem a estes, que fazem valer sua pusilanimidade
antes de fazer valer sua arrogância, de tal modo que até mesmo a
oportunidade de desempenhar um grande papel desaparece antes de
existir e que cada classe, tão logo começa a lutar com aquela que lhe
está acima, vê-se envolvida na luta com aquela que lhe está abaixo.
Daí porque os príncipes estão em luta contra a burguesia, os
burocratas contra a nobreza e os burgueses contra todos eles,
enquanto o proletário começa a lutar contra o burguês. A classe média
nem sequer se atreve a conceber o pensamento da emancipação de
seu ponto de vista, já que o desenvolvimento das condições sociais,
do mesmo modo que o progresso da teoria política, se encarregam de
revelar este mesmo ponto de vista como algo antiquado ou, pelo
menos, problemático.
Na França, basta que alguém seja alguma coisa para querer ser todas
as coisas. Na Alemanha, ninguém pode ser nada se não quiser
renunciar a tudo. Na França, a emancipação parcial é o fundamento
da emancipação universal. Na Alemanha, a emancipação universal é a
conditio sine que non de toda emancipação parcial. Enquanto na
França é a realidade da emancipação gradual que tem de engendrar a
liberdade total, na Alemanha, ao contrário, é justamente a sua
impossibilidade. Na França, toda classe é um político idealista que se
sente como representante das necessidades sociais em geral, ao
invés de sentir-se como representante de uma classe especial. Por
isto, o papel emancipador passa por turnos, em movimento dramático,
entre as distintas classes do povo francês até atingir, finalmente, a
classe que já não realiza a liberdade social sob a hipótese de certas
condições que se encontram à margem do homem e que, não
obstante, foram criadas pela sociedade humana, mas que organiza
todas as condições de existência a partir da hipótese da liberdade
social. Pelo contrário, na Alemanha, onde a vida prática tão pouco tem
de espiritual assim como a vida espiritual de prático, nenhuma classe
da sociedade burguesa sente a necessidade nem a capacidade de
emancipação geral até ver-se obrigada a isto por sua situação
imediata, pela necessidade material, pelas suas próprias cadeias.
Onde reside, pois, a possibilidade positiva da emancipação alemã?
Resposta: na formação de uma classe com cadeias radicais, de uma
classe da sociedade burguesa que não é uma classe da sociedade
burguesa; de um estado que é a dissolução de. todos os estados; de
uma esfera que possui um caráter universal por seus sofrimentos
universais e que não reclama nenhum direito especial para si, porque
não se comete contra ela nenhuma violência especial, senão a
violência pura e simples; que já não pode apelar a um título histórico,
mas simplesmente ao título humano; que não se encontra em
nenhuma espécie de contraposição particular com as conseqüências,
senão numa contraposição universal com as premissas do Estado
alemão; de uma esfera, finalmente, que não pode emancipar-se sem
se emancipar de todas as demais esferas da sociedade e,
simultaneamente, de emancipar todas elas; que é, numa palavra, a
perda total do homem e que, por conseguinte, só pode atingir seu
objetivo mediante a recuperação total do homem. Esta dissolução da
sociedade como uma classe especial é o proletariado.
O proletariado só começa a surgir na Alemanha, mediante o
movimento industrial que desponta, pois o que forma o proletariado
não é a pobreza que nasce naturalmente, mas a pobreza que se
produz artificialmente; não é a massa humana oprimida
mecanicamente pelo peso da sociedade, mas aquela que brota da
aguda dissolução desta e, em especial, da dissolução da classe
média, ainda que gradualmente, como se compreende, venham a
incorporar-se também a suas fileiras a pobreza natural e os servos
cristãos-germânicos da gleba
Ao proclamar a dissolução da ordem universal anterior, o proletariado
nada mais faz do que proclamar o segredo de sua própria existência,
já que ele é a dissolução de fato desta ordem universal. Ao reclamar a
negação da propriedade privada, o proletariado não faz outra coisa
senão erigir a princípio de sociedade aquilo que a sociedade erigiu em
princípio seu, o que já se personifica nele, sem intervenção de sua
parte, como resultado negativo da sociedade. O proletariado está
amparado, então, em relação ao mundo que nasce, da mesma razão
que assiste o rei alemão em relação ao mundo existente, ao
denominar o povo seu povo, como ao cavalo seu cavalo. Ao declarar o
povo sua propriedade privada, o rei se limita a expressar que o
proprietário privado é o rei.
Assim como a filosofia encontra no proletariado suas armas materiais,
o proletariado encontra na filosofia suas armas espirituais. Com a
mesma rapidez que o raio do pensamento penetra a fundo neste puro
solo popular, se efetuará a emancipação dos alemães como homens.
Resumindo e concluindo:
A única emancipação praticamente possível da Alemanha é a
emancipação do ponto de vista da teoria, que declara o homem
essência suprema do homem. Na Alemanha, a emancipação da Idade
Média só é possível como emancipação paralela das superações
parciais da Idade Média. Na Alemanha, não se pode derrubar nenhum
tipo de servidão sem derrubar todo tipo de servidão em geral. A
meticulosa Alemanha não pode revolucionar sem revolucionar seu
próprio fundamento. A emancipação do alemão é a e emancipação do
homem. O cérebro desta emancipação é a filosofia; seu coração, o
proletariado. A filosofia não pode se realizar sem a extinção do
proletariado nem o proletariado pode ser abolido sem a realização da
filosofia.
Quando se cumprirem todas as condições interiores, o canto do galo
gaulês anunciará o dia da ressurreição da Alemanha.
Texto de 1843.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Resenha: contrato social em rousseau


Rousseau é visto como um grande revolucionário iluminista, sendo assim eleito como patrono da revolução, procura de forma exaustiva e sua filosofia explicam temas como a passagem do estado de natureza para ao estado civil, a liberdade civil. O exercício da soberania e sua distinção com o governo a problemática do trabalho escravo e o surgimento da idéia de propriedade e também o contrato social; E assim começa Rousseau: “O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais, não deixa de ser mais escravo do que eles. Como adveio tal mudança? Ignoro-o. Que poderá legitimá-la? Creio poder resolver esta questão”.
Rousseau passa a pensar a política de forma diferente. O que o colocara em lugar de destaque no século XVIII, propor o exercício da soberania na mão do povo, como condição primeira para a sua libertação, nesta obra o interesse de Rousseau e construir a história hipotética da humanidade Para chegar a uma forma de associação segura entre os homens, as relações de poder e direito entre eles, Rousseau esclarece sobre a natureza inicial dos homens. Mostra o homem num estado anterior, chamado estado de natureza, e em um estado posterior, estado civil. Esse estado posterior marca a degeneração do primeiro, fixando a lei de propriedade e da desigualdade, Rousseau considera que a propriedade privada foi o marco para a mudança do estado de natureza, para o estado civilizado, fazendo uma usurpação do direito para proveito de alguns ambiciosos colocando o homem em situação de servidão e miséria, sendo assim houve a necessidade de estabelecer um contrato que irá reger a relação de soberania e poder entre os homens que sejam legítimos. Acredita que o poder seja sob a direção suprema da vontade geral. Uns pactos sociais, que eles mesmos cita, que estabeleça entre os cidadãos uma tal igualdade, que eles se comprometam todos nas mesmas condições e devam todos gozar dos mesmos direitos.
A parti identificação do problema Rousseau começa a construção do contrato social, mas seu projeto, tem uma grande mudança, desta vez, ele muda de nível. E apresentar o dever-ser de toda ação política. Quando Rousseau se pergunta como ocorreu a mudança da liberdade para servidão e responde que não saber, mas que pode resolver o problema da sua legitimidade, é necessário compreender que não é o caso de justificar a servidão, o que pretende estabelecer no contrato social são as condições de possibilidade de um pacto verdadeiro onde possa recompensar os homens do qual terem perdido a sua liberdade natural, ganhe, em troca à liberdade civil, onde é fundamental a condição de igualdade das partes contratantes no processo de legitimar o pacto social; com a criação de um corpo soberano que será o único a determinar o modo de organização política, chegando a ponto de poder estabelece as forma de distribuição de bens.
Os povos soberanos, tendo ao mesmo tempo um papel de ativo e de passivo nessa relação, como agente da criação de leis, e se sujeitar a elas; uma conjugação perfeita entre liberdade e a obediência, Entendendo o poder político como fruto do povo, o poder soberano não pode passar dos limites das convenções gerais, não pode haver interesses individuais Entendendo o poder político como fruto do povo, o poder soberano não pode passar dos limites das convenções gerais, não pode haver interesse privado, “um povo só será livre quando tiver todas as condições de elaborar suas leis em um clima de igualdade, de tal modo que a obediência a essas mesmas leis signifique, na verdade uma submissão à deliberação de sim mesmo e de cada cidadão, como partes do poder soberano”.
Após o estabelecimento das condições da vida política, se faz necessário à fundação do corpo político “maquina política” para que essa vontade se realize, mecanismos adequados, um corpo administrativo “o estado” como funcionários do soberano (povo), como um órgão limitado por este e não autônomo. Rousseau propõe uma ação política transformadora que visa à recuperação da liberdade do homem, que se perde devido à incredulidade quanto a isto, Rousseau tem uma visão pessimista da história.

Apresentação. o inicio

Boa noite, meu nome é Rodrigo silva, sou estudante de história e apaixonado por filosofia, crie esse blog para de uma maneira ou de outra perpetuar minhas idéias, opiniões, visões e posições perante a vida, a morte, o amor, a paixão, o sofrimento, a alegria, tristeza, ódio, passado, presente e futura; as vitórias e conquista, perdas e derrotas e como todas essas emoções e preocupações nos gera angústia.
"A palavra angustia é definida pelos dicionários como: Grande ansiedade ou aflição; ânsia, agonia, sofrimento, atribulação”.
Está angustiado é angustiante, mais antes de começa a discuti sobre esse tema que alias não é e nem será o único desse blog, vou fala um pouco mais de mim, como já falei meu nome aproveito também para falar minha idade, nasci em 26/10/1983 na cidade de nova Iguaçu região da baixada fluminense, estado do rio de janeiro; hoje tenho 24 anos, sou negro, 1,83 de altura, ando meio fora de forma, peso 78k mais vou melhora Rs, há 2 anos moro sozinho em Madureira, bairro da zona norte da capital fluminense, enfim ao logo desse blog vou passa um pouco mais do meu dia-a-dia, discuti vários assuntos e fazer algumas resenhas e analises sobre a vida e o mundo; hoje está chovendo, friozinhos maravilhosos, ótimos para tomar um bom chá verde, outro gosto que tenho, alias tenho muitos gostos rs; espero consegui passa um pouco de conhecimento para todos aqueles que um dia puder ler esse blog...Forte abraço