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sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sambaquis



Introdução:
Essa pesquisa bibliográfica cuja intenção é descrever, analisar e conhecer um pouco mais das características dos povos caçadores, coletores e pescadores no período pré-históricos brasileiro, datados há + ou – 6500 anos, que dominaram o litoral brasileiro e de alguns rios da região; trabalharam a pedra, produzindo esculturas e ferramenta de manuseio.
Trataremos a respeito das seguintes questões: o que são sambaquis, característica dos sítios arqueológicos, localização desses sítios, datação e as características das formações sambaqueiras no litoral brasileiro e suas hipóteses.

Pesquisa Bibliográfica:
Sambaquis são sítios arqueológicos ligados ao tipo de alimentação das populações que os construíram, são pequenas ou grandes elevações de areias constituídas de conchas de moluscos, crustáceos, ossos de peixes, aves e mamíferos; local aberto onde eram depositados os restos mortais e instrumentos, vestígios de moradia, fogueiras; A palavra tem origem guarani: Tambá - conchas e Qui - monte. Os Sambaquis são montes cônicos de conchas, resultantes da ocupação humana pré-histórica, já suscitaram inúmeras interpretações de arqueólogos no mundo inteiro, eles estão presentes em vários pontos do litoral brasileiro, incluindo o baixo Amazonas e Xingu, com idades entre 500 e 6.550 anos. Interpretados como um amontoado de conchas, lixo, ambiente de moradia ou cemitério, esses verdadeiros monumentos foram mutilados para abastecer a construção civil, desvalorizados na academia e, poucos, ainda hoje, resistem embalados pelo tempo e pelos homens.

Geralmente, estão localizados em área próximas ao mar , rios e florestas, áreas estas que poderiam oferecer abundância, variedade e disposição de recursos para as populações, que organizavam diferentes sambaquis distribuídos em uma mesma área.
Os primeiros estudos, iniciados na segunda metade do século XIX, enfocavam as características físicas dos sambaquis e trouxeram à tona discussões sobre a Antigüidade da humanidade e a pré-história brasileira. O conceito de 'raça', hoje rejeitado pela academia, resultou em descrições exaustivas da anatomia do chamado "Homem de Sambaqui".

Cada sitio possui datação diferenciada, Com o aparecimento das técnicas estratigrafia e termoluminesncência e da datações radiocarbônicas , introduzidas a partir de 1950, a arqueologia brasileira começa a ser modernizada e as inúmeras camadas dos sambaquis passam a ter sua idade revelada de forma mais precisa, indicando que muitos foram habitados durante períodos que ultrapassam mil anos. Fica claro tratar-se de povos sedentários que tinham íntima relação com a região ao seu redor e não nômades que deixavam as locais todas vez que os recursos naturais tornavam-se escassos, como se acreditava.
Houve um grande movimento na tentativa de protege os sítios dos sambaquis, que passaram a ser patrimônio da União através da lei Federal 3.925; através de estudos em 1990, os sambaqueiros passaram a serem visto com status de uma sociedade complexa, com relações econômicas e hierárquicas próprias.
Encontramos esses sítios em todo o litoral do Atlântico, sendo mais raros no Pacífico, mas notando-se exemplares até no norte da Europa; no estado do rio de janeiro podemos citar o de guaratiba (3 mil anos), Itaipu ( 7mil / 8mil anos), cabo frio(5 mil anos), tamoios(3 mil anos), saquarema(4 mil anos) e ilha grande (3 mil anos).
Os sítios mais visíveis na paisagem litorânea são os conhecidos sambaquis, mas existem outras formas de ocupação, como cerritos da tradição Vieira no rio grande do sul e Uruguai e os sítios mais discretos na tradição Itaipu no litoral também do rio grande do sul; instavam-se geralmente em baias como a da Guanabara no rj, mar aberto, enseadas, mangues e até mesmo em rios.
Os sambaquis são caracterizados por sua forma arredondada, que em algumas regiões chega a mais de 30 metros de altura, construídos basicamente com resto faunísticos como conchas, ossos de animais, especialistas definiram três teorias para o uso dos sambaquis:
Os sambaquis não eram o local de moradia desse grupo; eram simplesmente os “lixões” onde eram depositadas as sobras da alimentação, as carcaças dos crustáceos e as ossadas de peixes e pequenos mamíferos que serviam de alimento; por motivos desconhecidos, passaram a abrigar sepulturas humanas, sendo que a intempérie dissolveu as camadas superiores do sambaqui, fazendo uma petrificação por cálcio dos esqueletos imersos no núcleo do sambaqui, conservando-os, e a seus adornos funerários, pelos milênios.
Diferente na primeira no ponto sobre o uso como moradia. Os sambaquis seriam sim depósitos dos diversos materiais citados, mas seriam usados como habitação temporária. Isso explicaria as sepulturas humanas encontradas.
Os sambaquis teriam somente aproveitamento humano para acampamentos temporários.
Assim também existem varias hipóteses para o aparecimento dos sambaquis

· A primeira hipótese a naturalista, considerava que os sambaquis eram resultados do recuo do mar e da ação do vento, exercida sobre as conchas lançadas á praia, sobre a presença de vestígios humanos era explicada como resultado de naufrágios.
· A segunda corrente, os artificialistas, sustenta que eram resultados da ação humana e propunham diversas explicações sobre o acumulo de resto fauníticos.
· A terceira corrente é mista, acredita numa combinação de elementos naturais e humanos.


Os habitantes dessas comunidades exploravam as águas doces, salobras ou salgadas e pegavam animais marinhos de porte grande, inclusive tubarões. Os arqueólogos suspeitam também que pescavam em águas profundas e que eram exímios mergulhadores e nadadores. Há vestígios de presença humana tanto em ilhas próximas como um pouco mais distantes do litoral, o que indica que eram bons também na arte de navegar. Seus ossos evidenciam que eram troncudos, acostumados a remar e a praticar outras atividades físicas que desenvolviam os membros superiores. Como a temperatura era amena e eles estavam quase o tempo todo dentro da água, é de se supor que usassem pouca roupa ou que andassem nus. Os sambaqueiros eram baixinhos para os padrões atuais - quem tinha 1,60m era considerado alto - e vivia relativamente pouco, em média entre 30 e 35 anos. As mulheres costumavam morrer mais cedo do que os homens.
Outra característica importante é o desgaste de algumas regiões da arcada dentária, que aponta o costume deste povo consumir alimentos duros e abrasivos, o que devia provocar muitos abscessos e dor de dente. Também é possível pensar em doenças que deixam evidências nos ossos, como a osteoporose. Os especialistas também acreditam que muitas mulheres morriam de parto.Os pesquisadores inicialmente pensavam que os bandos eram pequenos. Mas hoje se desconfia que havia mais gente junta, entre 30 a 60 pessoas por sítio arqueológico. Se pensarmos em vários sítios próximos uns dos outros, teríamos comunidades de 200, 400 pessoas se relacionando, comunicando-se e circulando entre vários pontos do litoral.
De um sambaqui se avistava o outro e se trocavam sinais. Fumaça ou fogo em um sítio, por exemplo, poderia significar o enterro de algum chefe ilustre ou de que um grande banquete de mariscos e peixes estava sendo preparado. Segundo Maria Dulce Gaspar, o fato de haver sambaquis localizados próximos uns dos outros permite levantar duas hipóteses antagônicas. Ou seus habitantes competiam pelos mesmos recursos ou uniam-se para catar mariscos, pescar e caçar.

Os povos dos sambaquis ignoravam a olaria, a agricultura, a domesticação normal de qualquer espécie, mesmo o cão, que os índios atuais conhecem. Vivia principalmente da pesca e da apanha, e muito pouco da caça. Não possuindo instrumentos mais potentes de arremesso, talvez nem mesmo o arco e a flecha, a caça de animais grandes, como o tapir, a onça, certamente por meio de armadilha.

A interação entre os grupos poderia ser esporádica ou rotineira. A ausência de artefatos de guerra indica que não eram belicosos. Isso não quer dizer que na comunidade não houvesse diferenças hierárquicas. Muito embora os sambaquis existentes ao longo da costa brasileira sejam regidos pelas mesmas regras de ocupação e arquitetura, há diferenças no tamanho e na composição de sambaquis de uma mesma área, o que pode significar o prestígio de alguns grupos, além de indicar um número maior de habitantes nos sambaquis grandes. Madu Gaspar informa, por exemplo, que, em alguns sambaquis, estima-se a presença de uma média de 180 indivíduos vivendo simultaneamente. Há também a presença de adornos, amuletos, esculturas e objetos em algumas das sepulturas, mostrando que os indivíduos recebiam tratamento diferenciado.
É provável que os sambaqueiros estivessem dispostos a estabelecer interações sociais com grupos culturais distintos que co-habitavam a região, pouco antes do Brasil ser descoberto pelos portugueses, o que pode ter sido o motivo de seu desaparecimento; Os arqueólogos registraram vestígios de grupos ceramistas - a presença de cacos nas camadas mais recentes dos sambaquis - Eles mantinham relações de troca com povos ceramistas que viviam no interior e que, por possuírem tecnologia mais avançada, estavam sempre buscando expandir seu território. Terminaram por desestruturar os sistemas sociais dos sambaqueiros, que foram absorvidos pelos ceramistas através de casamentos ou escravização ou sendo eliminados em conflitos.
Os povos ceramistas inseridos na tradição tupi-guarani e una (que se instalaram onde hoje é o estado do Espírito Santo e Rio de Janeiro), Itararé (no Paraná e Santa Catarina) e taquara (em Santa Catarina e Rio Grande do Sul) foram tomando posse do litoral e foram eles que aqui estavam quando os portugueses chegaram, há cerca de 500 anos.A importância histórica dos sambaquis é tanta, que eles chegaram a influenciar a escolha dos materiais usados em várias construções. No Brasil colonial, os montes de areia e conchas deixados pelos antigos habitantes serviram para a retirada da cal usada na construção de igrejas, casarões, aquedutos. O cronista Fernão Cardim relatou que, no século XVI, a cidade de Salvador teria sido erguida com a cal tirada dos sambaquis do Recôncavo Baiano. Ao longo dos últimos séculos, a destruição sistemática dos sambaquis continuou, causada pela expansão imobiliária no litoral. E, assim, os fios de lembranças que poderiam nos ligar mais fortemente aos nossos antepassados foram se perdendo.Em Saquarema (RJ), a arqueóloga Lina Kneipp encontrou dezenas de esqueletos, alguns com 4.500 anos. Ela criou a Praça do Sambaqui da Beirada, entre a lagoa e o mar, transformando o sítio arqueológico num local de visitação que atrai hoje muitos estudantes e turista. O exemplo de Lina, que faleceu em 2002, mostra que a ponte em direção ao passado ainda pode ser refeita e que ela poderá nos ensinar muito, sobretudo em relação ao uso dos férteis recursos de nossa natureza tropical.

Conclusão:
Pesquisas ainda são incipientes para saciar a sede de inúmeras perguntas que faltam ser respondida e para que possamos melhor compreender as relações, organizações e mudanças sociais dos sambaqueiros, Os sambaquis constituem o alicerce básico para entendermos a cultura de um longínquo período do homem, por isso é tão importante a sua preservação.


BIBLIOGRAFIA:
GASPAR, Madu, sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro RJ: Jorge Zahar Ed, 2004.

PROUS, André: O Brasil antes dos brasileiros: Jorge Zarar Ed.

Mendes, Josué Camargo: conheça a pré-história brasileiras sp, universidade de são Paulo ed: polígono, 1970.

PROUS, André: arqueologia, pré-história e história Ed UNB, 1991

TENÓRIOS, M Cristina (org): pré-história da terra brasilis. Rio de janeiro: ed. Ufrj, 1999.


2 comentários:

Unknown disse...

muito obrigado seu post foi de grande ajuda para mim fazer um trabalho escolar

Unknown disse...

muito obrigado seu post foi de grande ajuda para mim fazer o meu trabalho escolar

muito bom o blog
continue assim