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terça-feira, 27 de maio de 2008

INICIAÇÃO FILOSÓFICA


Autor: KARL JASPERS


Karl Theodor Jaspers (Oldenburg, 23 de fevereiro de 1883 - Basiléia, 26 de fevereiro de 1969) foi um filósofo e psiquiatra alemão;Estudou medicina e, depois de trabalhar no hospital psiquiátrico da Universidade de Heidelberg, tornou-se professor de psicologia da Faculdade de Letras dessa instituição. Desligado de seu cargo pelo regime nazista em 1937, foi readmitido em 1945 e, três anos depois, passou a lecionar filosofia na Universidade de Basel
“Tendo como principal tema à preocupação com o homem e sua própria existência, e sendo um dos mais importantes existencialistas alemães, jaspers considera o homem algo acessível com caráter dualista por ser ao mesmo tempo o objeto a ser estudado e um ser existencial sem explicação acessível”, o homem é um ser incompleto e que jamais se completará... Estando sempre pronto para os novos desafios...”.
Acredita que no momento que homem tomar consciência de sua liberdade, onde passa a ter o direito de decidir sobre sua vida e assumindo a responsabilidade de não cercear a liberdade do outro, que na medida em que se conhece e determina sua liberdade, o homem se sujeita à lei da natureza porque pensa que sua liberdade é fruto de uma doação divina, assim mesmo o homem exercendo uma relação anterior a Deus, onde sua existência é o fator principal na crença da existência de Deus, Karl jaspers discuti essas e outras questões na sexta parte de sua iniciação filosófica sobre o tema: o que é o homem?
Desde dos filósofos pré-socráticos tinham como objetivo a busca do princípio único, o arché de todas as coisas. As suas especulações voltavam-se para o Universo e o Cosmo. Posteriormente surgiu Sócrates, que passou a inquirir sobre o próprio homem, no sentido de compreender o seu íntimo e o móvel de suas ações. O conhece-te a ti mesmo ou a autoconsciência do homem é o seu método de estudo. Depois disso, os filósofos nunca mais pararam de questionar sobre o homem e sua função na sociedade. A filosofia, doravante tornou-se antropocêntrica, ou seja, colocou o homem no seu centro de discussão.
“A filosofia e o acto da concentração pelo qual o homem se torna autenticamente no que é e participa na realidade” (Jaspers).
Essa compreensão da vida e do mundo feita por jaspers abre caminho em seu pensamento especulativo sobre o a existência do homem.
Karl Jaspers, em sua obra Iniciação Filosófica, escreveu que "filosofar é estar a caminho", Estar a caminho não significa vagabundear, andar sem nexo, em ziguezigues. Estar a caminho não é sinônimo de desorientação, de falta de rumo. Karl Jaspers insiste na importância da questionação e na necessidade de estarem abertas a novas perspectivas, a novas formas de olhar. Insistamos também nós no facto de o filósofo se recusar a ficar cristalizado e a sedentarizar o pensamento. O filósofo é o que procura e não o que descansa depois da descoberta, o filósofo é o insatisfeito e não aquele que se acomoda a uma teoria ou a um sistema de explicação das coisas. Estar a caminho significa não se deixar adormecer nas pequenas ou grandes certezas, permanecer de espírito aberto e crítico, estar alerta. Estar a caminho é adotar uma postura de atenção e de precaução.
O filósofo é-o porque recusa tudo o que o paralise e o deixe inerte e adormecido. Estar a caminho é a sua forma de estar e de ser o homem como está em constaste estado de aprendizagem, sobre a sua liberdade, sobre a verdade e sobre a justiça; podemos perscrutar e elaborar análises sobre os mais variados temas; podemos tentar apreender o que é o bem e o que é mal. Contudo, no fundo de tudo isto está o homem. Diante desta colocação filosófica, pergunta-se: Que é o homem? Qual sua função? Qual sua natureza? E seu destino?
A filosofia que sempre sofreu e sofre inúmeros ataques por parte das correntes religiosas que alega que essas perguntas afastam o homem de Deus, que era uma sedução profana e corrompe a alma do homem com futilidades, não pode se deixa cala diante das criticas e ameaças, sendo de total responsabilidade dela o encontro do homem com ele mesmo.
O homem, para viver melhor, deve também se colocar no lugar do "outro", O homem como possibilidade aberta. O homem é "o animal não definido" (Nietzsche), o que deve significar: Os animais realizam sua vida em trilhas pré-designadas, uma geração tal qual a outra, Mas o homem não é forçado a uma trilha definitiva fatal, capaz de transformações infinitas. Ao passo que os animais vivem seguros em sua existência; O homem na luta consigo mesmo. O fato de o homem, não ser um ser definido, que só realiza unicamente um processo já antes predestinado, sim, uma luta radical a partir de suas origens numa série de passos no percurso de toda vida, onde o fato de existir não é apenas um acontecer natural, mais uma dualidade de coisas: substância e forma, interioridade e exterioridade, vontade individual vontade coletiva; esta última, na tensão entre vontade humana e vontade social, sujeito e objeto, si-mesmo, corpo e mente e vida e morte; realizando assim uma estrutura de auto-esclarecimento; assim chegando, por fim, a uma consciência verdadeira de sua humanidade.
Dentro ainda da discussão sobre a liberdade existencial do homem, certo da sua vontade como um ser independente as leis da natureza, muitas das vezes o homem se ver uma posição passiva quanto a isto, passando acreditar que sua liberdade está sobre orientação divina, assim abrindo espaço para formação de inúmeras especulações, entre as varias perguntas levantada por Karl jaspers à questão se “o homem pode viver sob a orientação de Deus?...” nos mostra um pensador "cabeça quente", é verdade que a transcendência é uma das questões chaves do homem, este que é irrequieto e angustioso, e durante séculos viveu às amarras do mito, mas que após descobrir a sua existência enquanto ser pensante e pleno de sua vontade usou a transcendência natural em benefício à transcendência própria. Surgiu o ser em si e diversas dúvidas existenciais sobre este 'eu’, só e largado por Deus.Jaspers demonstra-se muito parcimonioso da palavra, apesar de se demonstrar um humanista ou no mínimo um adepto de Schopenhauer em algumas linhas, mas no fim terminam o texto com uma retomada a transcendência intuitiva Kantiana e as idéias do ser-em-si.

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